Um cientista isolado do mundo, rodeado de livros ou tubos de ensaio, à beira da maior descoberta de sempre, pode ser uma imagem romântica mas de ficção… não científica. É que, se é certo que o saber se enraíza na experiência do sujeito e, como tal, é sempre um ato individual, indivíduo e experiência só se definem na complexidade da sua relação com o meio.
Só pode haver colaboração quando pessoas, com diferentes pontos de vista, diferentes experiências e vivências são reconhecidas como competentes na sua individualidade (pessoal, social e cultural). Quando, dadas as oportunidades e em clima de igualdade, se gera entre elas um conflito ‘positivo’ que provoca a desestabilização necessária para uma evolução cognitiva e atitudinal.
Todo o conhecimento é socialmente mediado: não há desenvolvimento individual sem a ‘intervenção’ do meio, do Outro e dos instrumentos de mediação social. É através destes Instrumentos — nomeadamente os signos de que se destacam as diferentes linguagens usadas na interação e na comunicação — que se toma consciência do ‘eu’ e o do ‘outro’, que se tornam possíveis todos os processos mentais que nos distinguem enquanto seres humanos. É assim que se geram novos tipos de comportamento e de auto-regulação do conhecimento. Em suma, conhecimento, experiência e interação estão intrinsecamente ligados, não existem independentemente, constituem-se mutuamente.
A qualidade das interações é, assim, fundamental para o desenvolvimento. Hoje em dia, nem mesmo o cientista mais distraído deixará de reconhecer que o seu sucesso depende de toda uma equipe de trabalho. E se juntarmos vários cientistas, de todo o mundo e de todas as áreas do conhecimento? Será que o fato de serem altamente qualificados e de estarem juntos os implica automaticamente enquanto grupo ou equipe? Será que o produto dos seus esforços corresponde à soma dos talentos individuais? Sim e não. O fato de estarem juntos pode levar a grandes discussões estéreis em que cada um quer provar a superioridade das suas teorias. Mas, se forem socialmente competentes, então o seu trabalho ultrapassará certamente a soma dos seus talentos.
A proposta metodológica que adotamos em nossos cursos no Instituto Hélio Teixeira parte destes pressupostos: desenvolvimento, aprendizagem e conhecimento são processos sociais e a colaboração é indispensável à sua construção. Colaborar, no entanto, não deriva automaticamente da proximidade física. Implica igualdade e diferença. Só pode haver colaboração quando pessoas curiosas, confiantes, informadas e motivadas, capazes de refletir, ouvir e participar, com diferentes pontos de vista, diferentes experiências e vivências são reconhecidas como competentes na sua individualidade (pessoal, social e cultural). Quando, dadas as oportunidades e em clima de igualdade, se gera entre elas um conflito ‘positivo’ que provoca a desestabilização necessária para uma evolução cognitiva e atitudinal. Logo, colaborar é também condição indispensável para a construção de uma sociedade democrática.
Muito interessante! Estou vasculhando o site todo…que achado! Obrigada pelas contribuições e dicas imperdíveis.
Olá Daniela
Muito legal saber que o nosso espaço esta te ajudando. Muito obrigado pelo comentário.
Grande abraço
Hélio Teixeira
PARABÉNS PELO ARTIGO, MEGA MAXIMO..