A aprendizagem expansiva segundo Yrjö Engestrom é um processo em que um sistema de atividades, por exemplo uma unidade operacional, resolve seus problemas e contradições internas através da construção de novas formas de funcionamento coletivo. Caracteriza-se por quatro propriedades:

  1. É uma aprendizagem transformativa, alargando radicalmente os objetos de trabalho compartilhados por meio de novos instrumentos, modelos e conceitos que tendem a formar instrumentalidades ou constelações integradas a múltiplos níveis.
  2. É uma aprendizagem experiencial, que coloca os participantes em situações imaginadas e reais requerendo o empenhamento pessoal e ações com objetos e artefatos (incluindo outros seres humanos), que requerem a lógica de um modelo de atividade antecipado ou a implementar no futuro.
  3. É uma aprendizagem horizontal e dialógica, que cria conhecimento e transforma a atividade através do cruzamento de fronteiras e articulação entre sistemas de atividade.
  4. É uma aprendizagem subterrânea, revelando novas vias cognitivas até então inaprendidas, as quais servem de âncoras e redes estabilizadas que garantem a viabilidade e sustentabilidade de novos conceitos, modelos e ferramentas.

A teoria de Engestrom constitui uma atualização da perspectiva sociotécnica, desenvolvida por acadêmicos escandinavos (Emery e Throusrud 1976), que veio a difundir-se no Sul da Europa, incluindo Portugal, nos finais dos anos 70 e inícios da década de 80. Esta perspectiva adota como modelo a pesquisa-ação, que remonta a Kurt Lewin, hoje muito utilizada, que tem, por isso mesmo, uma vocação acentuadamente interventiva.

Num artigo recente, Engestrom (2009) resume intervenções efetuadas num banco, num centro de saúde e numa empresa hi-tech, ilustrando a aplicação do modelo. Por exemplo, no centro de saúde, levando à adoção de um modelo de prestação de cuidados para casos mais complicados, doentes com múltiplas doenças e problemas sociais de várias ordem e para os quais as respostas se revelaram ineficazes. A resposta encontrada consistiu em diferenciar os cuidados criando um novo tipo de atendimento, o qual implicou a introdução de novos procedimentos, novos dados informativos, o desenvolvimento de novas competências e sobretudo uma mudança radical na forma de trabalhar em equipe com consequência na distribuição tradicional dos poderes e saberes.

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