A maioria das pessoas é membro de múltiplos grupos que influenciam a sua forma de ser, atuar e participar na vida social. O impacto dos grupos radica na sua capacidade em satisfazer necessidades de seus membros. O universo das diferentes necessidades identificadas na literatura pode ser organizado em quatro grandes categorias. Em primeiro lugar os grupos satisfazem necessidades humanas de sobrevivência de seus membros, facilitando a obtenção de recursos básicos, como alimentos , abrigo e proteção face a eventuais inimigos. Em segundo lugar, os grupos respondem a necessidades pesicológicas dos membros ao permitirem relações de intimidade, desenvolvimento e afirmação pessoal, influenciar e exercitar o poder. Uma terceira categoria de necessidades reporta à satisfação de necessidades informacionais dos membros, através da clarificação do ambiente sociocultural em que estes se inserem, nomeadamente através da avaliação de opiniões, normas sociais, capacidades e na aprendizagem e desenvolvimento de competências dentro do jogo de comparação social que a vida em sociedade fomenta. Por fim, os grupos satisfazem necessidades de identidade dos membros, fornecendo o contexto social e cultural para os membros alimentarem crenças sobre eles próprios, afirmando a necessidade de pertença e diferenciação dos outros no jogo complexo de comparação e diferenciação social.

As funções dos grupos diferem em função do tipo de grupo, do contexto sócio-histórico e cultural, e, segundo a professora Linnda Caporael, ilustram a propensão para estes influenciarem os processos de evolução da própria espécie. Contudo, os grupos nem sempre conseguem satisfazer as necessidades dos membros, mas a generalidade das recompensas que os indivíduos obtêm é suficiente para que a maioria das pessoas pertença e participe de diferentes grupos ao longo da vida.

Os grupos são entidades estruturadas e delimitadas que emergem da atividade intencional e interdependência dos indivíduos.

Os grupos são entidades estruturadas e delimitadas que emergem da atividade intencional e interdependência dos indivíduos. O estudo dos grupos de trabalho, formais ou informais, acrescenta e enfatiza igualmente as suas funções produtivas com impacto a nível individual e coletivo. Todos os pequenos grupos na sua dinâmica cumprem duas funções-base, a conclusão de projetos próprios e satisfação de necessidades dos membros. A materialização destas funções implica a criação de padrão coordenado de relações membro-tarefa-tecnologia, numa rede de coordenação que inclui seis componentes:

  1. A rede do membro (relação membro-membro, das quais podemos salientar amizade, hostilidade, influência, ascendência, etc);
  2. A rede da tarefa (relações tarefa-tarefa, nas quais se incluem sequências temporais, sobreposições, hierarquias e prioridades entre tarefas);
  3. Rede de ferramentas (relações entre ferramentas, na atualidade são importantes os diferentes agrupamentos de hardware e software de apoio à atividade de grupos e equipes);
  4. Rede de relações na tarefa (relações membro-tarefam quem faz o quê);
  5. Rede de papéis (relações membro-ferramenta, como é que os membros realizam as suas tarefas);
  6. Rede de trabalho(relações tarefas-ferramentas, que ferramentas são necessárias e adequadas para realizar as tarefas com eficácia).

Desde a formação de um grupo, os seus membros, as suas intenções ou propósitos e os recursos disponíveis, conduzem à emergência de uma rede inicial de coordenação entre membros, projetos e tecnologia, que o diferencia de outros e afirma a sua identidade social. Com o desenvolvimento do grupo e a realização dos seus projetos, a rede de coordenação vai-se transformando através da experiência, aprendizagem e adaptação do grupo ao contexto em que realiza as suas atividades.

Hélio Teixeira - Cientista-chefe do Centro de Estudos e Pesquisa em Ciência de Dados e Inteligência Artificial do IHT - é um estudioso da aprendizagem e da criatividade humanas como processos segundo ele "participativos e sociotecnicamente distribuídos." Sua pesquisa busca entender o que ele chama de "estruturas sociotécnicas de pertencimento necessárias à emergência da aprendizagem e da criatividade nos grupos humanos, concebidos como sistemas complexos." Ele adota uma abordagem transdisciplinar, articulando saberes da ciência da complexidade, ciências da aprendizagem, psicologia social, design participativo, inteligência artificial e psicologia cognitiva. Cientista de dados especializado em modelagem de dados e inteligência artificial algorítmica. Apaixonado por Modelagem Baseada em Agentes, com predileção pelos ambientes Mesa/Python e NetLogo, e pelo desenvolvimento de algoritmos de inteligência artificial. É fundador do Instituto Hélio Teixeira (IHT), do ColaboraLab e do Programa Letramento Tecnológico.

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