Representações Sociais são o conjunto de explicações, crenças e ideias que nos permitem evocar um dado acontecimento, pessoa ou objecto. Estas representações são resultantes da interação social, pelo que são comuns a um determinado grupo de indivíduos.

Aparecimento do conceito

As representações sociais têm no psicólogo social Serge Moscovici a sua primeira base teórica, em 1961, através da obra A Psicanálise, sua imagem e seu público.

O objectivo da Teoria das Representações Sociais é explicar os fenómenos do homem a partir de uma perspectiva colectiva, sem perder de vista a individualidade. Uma conceituação formal, entretanto, Moscovici (SÁ, 2004, p. 30) se negou a fazer de forma contundente: “A demanda por exactidão de significado e por definição precisa de termos pode ter um efeito pernicioso, como eu acredito ter tido freqüentemente nas ciências do comportamento”.

Portanto, a Teoria das Representações Sociais preconizada por Moscovici está principalmente relacionada com o estudo das simbologias sociais, tanto no nível de macro como de micro análise – ou seja, com o estudo das trocas simbólicas infinitamente desenvolvidas em nossos ambientes sociais e nas nossas relações interpessoais -, e de como esses símbolos influenciam a construção do conhecimento compartilhado, da cultura. Isto nos leva a situar o Moscovici entre os chamados interacionistas simbólicos, tais como Peter Berger, George Mead e Erving Goffman.

O contexto histórico das representações sociais se define pelo fato de que elas, ao serem apresentadas como uma “modalidade de conhecimento particular que tem por função a elaboração de comportamentos e a comunicação entre indivíduos” (Moscovici, 1978), são sustentadas tanto por conhecimentos oriundos da experiência cotidiana como pelas reapropiações de significados historicamente consolidados.

Portanto, considera-se que as representações sociais são resultado, de um lado, da reapropriação de conteúdos vindos de períodos cronológicos distintos e, de outro, daqueles gerados por novos contextos.

As representações sociais têm como uma de suas finalidades tornar familiar algo não familiar, isto é, uma classificar, categorizar e nomear novos acontecimentos e ideias com as quais não tínhamos tido contato anteriormente, possibilitando, assim, a compreensão e manipulação desses novos acontecimentos e ideias a partir de ideias, valores e teorias preexistentes e internalizados por nós e amplamente aceitas pela sociedade,

“As representações que fabricamos – de uma teoria científica, de uma nação, de um objeto, etc. – são sempre o resultado de um esforço constante de tornar real algo que é incomum (não familiar), ou que nos dá um sentimento de não familiaridade. Através delas, superamos o problema e o integramos em nosso mundo mental e físico, que é, com isso, enriquecido e transformado. Depois de uma série de ajustamentos, o que estava longe, parece ao alcance de nossa mão; o que era abstrato torna-se concreto e quase normal (…) as imagens e ideias com as quais nós compreendemos o não usual apenas trazem-nos de volta ao que nós já conhecíamos e com o qual já estávamos familiarizados (Moscovici, 2007,p.58)”

Buscamos compreender, abstrair significados das novas informações e fatos produzidos constantemente em função da proliferação dos centros de pesquisas científicas, da enorme profusão de ideias e “filosofias” escancaradas pelos meios de comunicação de massas e também criadas pelos “sábios amadores” nas ruas, bares e esquinas do senso comum e operacionalizá-los em nossos cotidianos. A criação e transformação da informação levam a uma transformação de nossos valores, que, conseqüentemente, irão influenciar as diretrizes dos relacionamentos humanos, na forma como o ser humano se percebe no mundo e com o outro – o que era certo para a geração anterior para a geração atual não o é. Digere-se a nova informação e a reapresenta buscando, ao mesmo tempo, tanto enriquecer e transformar nossos esquemas cognitivos anteriores no que for possível e aceitável à nossa idiossincrasia; como também adaptá-la a nossos antigos esquemas cognitivos, na busca de manter o nosso mundo estável e seguro, “(…) a dinâmica das relações é uma dinâmica de familiarização, onde os objetos, pessoas e acontecimentos são percebidos e compreendidos em relação a prévios encontros e paradigmas (…) a memória prevalece sobre a dedução, o passado sobre o presente a resposta sobre o estímulo e as imagens sobre a ‘realidade’ (Moscovici, 2007, p. 55)

Partindo dos estudos de Moscovici nasceram inúmeras pesquisas sobre diversas representações sociais, como a representação social de beleza.

Denise Jodelet definiu sinteticamente as representações sociais como uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, tendo uma visão prática e concorrendo para a construção de uma realidade comum a um conjunto social (apud SÁ, 2004, p. 32).

Há muitas formas de conceber e de abordar as representações sociais, relacionando-as ou não ao imaginário social.

Elaboração das Representações Sociais

Segundo Moscovici existem dois processos das representações sociais: a objectivação e a ancoragem.

Na objectivação as ideias abstractas transformam-se em imagens concretas, através do reagrupamento de ideias e imagens focadas no mesmo assunto.

A ancoragem prende-se com a assimilação das imagens criadas pela objectivação, sendo que estas novas imagens se juntam às anteriores, nascendo assim novos conceitos.

Vale ressaltar que, as representações sociais são modalidades de pensamento prático orientadas para a compreensão e o domínio do ambiente social, material e ideal. Enquanto tal, elas apresentam características específicas no plano da organização dos conteúdos, das operações mentais e da lógica.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Representa%C3%A7%C3%B5es_sociais

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