Como reunir grandes grupos de pessoas em um esforço colaborativo e obter resultados claros, concretos, acionáveis e representativos do ponto de vista coletivo dos participantes? Como configurar o espaço colaborativo para planejar e realizar mudanças sistêmicas? Como estruturar reuniões e encontros envolvendo um grandes grupos e proporcionar oportunidades iguais de participação a todos os participantes? Como estabelecer um diálogo justo e equilibrado envolvendo todos os interessados em um esforço colaborativo para realizar mudanças sistêmicas? Todos aqueles que, por dever de ofício ou não, já foram desafiados por estas perguntas, sabem o quão difícil é respondê-las satisfatoriamente.

Poucos desafios incorporam tanta complexidade quanto o desafio da colaboração. Afinal, a nossa incapacidade colaborativa está na raiz dos grandes problemas coletivos que enfrentamos nos dias atuais. Fome, corrupção, aquecimento global, violência, desigualdade social e o desinteresse das pessoas pela vida cívica de suas comunidades só serão enfrentados mediante um grande esforço colaborativo que gere responsabilização coletiva.

Em um momento da história onde as pessoas perderam o hábito de discutir o futuro de suas comunidades em ambientes institucionais, saber como reunir pessoas do jeito certo é um conhecimento cuja importância vai além da esfera empresarial. Estamos falando da essência da vida em comunidade.

A natureza da cola que une o tecido social depende da qualidade do debate público. Se o debate público é pobre, mal configurado e pouco representativo, ele não gera o tipo de pertencimento que precisamos e as pessoas não se comprometem nem se responsabilizam pelo futuro de suas comunidades, organizações e coletivos. “É cada um por si e Deus por todos!”

Como reunir pessoas do jeito certo

Para construir o futuro que queremos, precisamos gerar responsabilização coletiva. Sem responsabilização coletiva, não temos a participação co-criativa das pessoas. Sem participação co-criativa das pessoas, nenhuma mudança sustentável ocorre. Sem mudanças sustentáveis, não construiremos o futuro que queremos e tanto precisamos!

Mas tudo isso só será alcançado quando o maior número de comunidades forem capazes de reunir as pessoas do jeito certo para configurar um amplo processo de colaboração cívica. Um processo colaborativo que seja capaz de gerar o tipo certo de pertencimento e produzir o tipo certo de capital social.

Como aumentar a capacidade colaborativa de nossas comunidades

Um dos principais objetivos do Instituto Hélio Teixeira é levar esse conhecimento ao maior número de pessoas e comunidades que pudermos alcançar. Queremos aumentar a capacidade colaborativa de nossas comunidades, organizações e coletivos em geral. Para isso queremos disseminar o conhecimento já existente sobre a arte de reunir pessoas. Queremos mostrar um tipo de tecnologia ignorado pelos nossos sistemas educacionais. Estou falando das tecnologias desenvolvidas para reunir pessoas do jeito certo.

Metodologias de Grandes Grupos 

Para começar o nosso debate, decidimos publicar uma série de posts sobre as tecnologias desenvolvidas para reunir pessoas. A série, denominada Metodologias de Grandes Grupos, vai trazer um resumo do estado-da-arte do campo das Metodologias de Grandes Grupos. Um campo desenvolvido para ajudar comunidades, organizações e coletivos em geral a configurar os seus esforços colaborativos envolvendo grandes grupos de pessoas.

O primeiro post da série vai mostras a origem do campo, os métodos precursores, passando pelo desenvolvimento de abordagens intermediárias, até o surgimento das principais metodologias utilizadas atualmente.

Nos posts seguintes, mostraremos uma visão geral de cada um dos principais métodos. Mostrando em detalhes como e em quais contextos eles podem ser melhor utilizados.

Por último, vamos fazer uma análise sobre o futuro do campo. Vamos mostrar quais as áreas oferecem melhores oportunidades para o crescimento e o aperfeiçoamento do campo.

Veja aqui os posts publicados até agora nesta série.

2 COMENTÁRIOS

  1. “Como reunir pessoas do jeito certo”

    Desafio monstruoso que, com certeza, carece de fomento…
    No que tange no meu quintal, a tecnologia, a oferta de ferramentas que oferecem a transparência, carecem de um ambiente colaborativo que, inclusive, seja disseminado e abraçado por desenvolvedores também do setor privado… (Poderiam dizer, “isso não é minha obrigação”, Será?) Sabemos que as instituições públicas, geridas por agentes políticos, tem como financiar o impulsionamento dessa transparência mas, evidentemente, não faz parte de seus interesses… Um ambiente colaborativo e uma formação de consciência, no que tange às nossas obrigações pontuais, com o apoio e colaboração do ministério público e tribunais de contas, seriamos imbatíveis na oferta de transparência… mas falta isso aí… conscientização e colaboração…

    att.
    Leandro Roberto Silva
    Câmara Municipal de Jataí

    • Olá Leandro

      Você tem um olhar aguçado meu amigo. Entre todas as provocações que o nosso blog traz, esta talvez seja a mais importante para a nossa democracia. Como reunir pessoas do jeito certo? Este não é um questionamento qualquer. Este é a pergunta cuja resposta traz embarcada a solução para todos os nossos grandes desafios coletivos.

      Por que é tão importante reunir pessoas do jeito certo? Porque a colaboração é a nossa única saída. Afinal alguém espera que aqueles que foram eleitos para roubar sejam os responsáveis pelo fim da corrupção?

      A colaboração é nossa única alternativa para enfrentar os nossos desafios coletivos. Sem colaboração não geramos responsabilização coletiva. Sem responsabilização coletiva não temos a participação co-criativa das pessoas. Sem participação co-criativa nenhuma mudança sustentável ocorre. Sem mudanças sustentáveis não construiremos o futuro que queremos e tanto precisamos!

      Então, se eu pudesse resumir em uma frase qual o maior fracasso das nossas atuais instituições políticas, eu diria: elas não sabem (ou não querem!) reunir pessoas do jeito certo. Em outras palavras, eles não sabem (ou não querem!) configurar os espaços institucionais (estruturais e simbólicos) para a colaboração co-criativa.

      E aqui entra outra questão de fundo muito importante: A política deve ser a arte de reunir as pessoas para construir juntas o futuro. Mas, infelizmente não é o que vemos hoje.

      O que vemos é uma postura de super-homem adotada pela quase totalidade dos gestores públicos eleitos. Eles são eleitos com discursos oniscientes. Em seus discursos, eles possuem soluções e respostas para tudo. Eles têm um plano para resolver cada problema. A mensagem é mais ou menos a seguinte: “Vote em mim e eu resolverei todos os vossos problemas”. Aliás, os próprios eleitores alimentam essa dinâmica paternalista, quando recompensam com o seu voto os candidatos “oniscientes” em detrimento daqueles que adotam a postura mais honesta de assumir a sua natural incapacidade para resolver tudo.

      Em resumo, acredito que a maior contribuição que as instituições políticas podem oferecer à sociedade é REUNIR AS PESSOAS DO JEITO CERTO. Ou melhor: REUNIR AS PESSOAS COM AS MOTIVAÇÕES CERTAS, EM CONTEXTOS/ESPAÇOS ADEQUADOS E COM AS LIBERDADES CERTAS.

      O grande desafio do Instituto Hélio Teixeira e do nosso blog é justamente este. Ensinar as pessoas a se reunir do jeito certo. Queremos aumentar a capacidade colaborativa de nossas comunidades levando esse conhecimento ao maior número de pessoas e comunidades que pudermos alcançar. Queremos ensinar as crianças a fazer isso incorporando esse conhecimento aos currículos escolares. Afinal, quanto mais pessoas tiverem acesso a este conhecimento mais forte e poderosa será a nossa democracia.

      Grande abraço

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