Se há pessoas — seja qual for o credo, a atividade profissional, a nacionalidade, a ideologia ou time de futebol — que têm o dom de instigar, que conduzem ao riso leve e, ao mesmo tempo, a uma reflexão profunda, posso dizer que Adin Steinsaltz se inclui entre elas.
A DIALÉTICA PARA A SANIDADE
Reconhecer a oscilação da vida e navegar por entre as diferentes situações que marcam a nossa existência talvez seja a questão da nossa época. Desde os grandes problemas que afetam milhões de pessoas até as pequenas coisas do nosso cotidiano, conseguir refletir, questionar e ponderar é um desafio. De certa maneira, “o mundo precisa de mais sanidade (…) e sanidade é a habilidade de manter coisas diferentes em equilíbrio sem torná-las imóveis.” como afirmou Adin Steinsaltz, cientista que virou rabino e, após 45 anos de trabalho, terminou a tradução do Talmude.
Com a dependência cada vez maior em algoritmos de sites de busca ou em sistemas de relevância, pensar sobre o que é silenciado e o que é reproduzido torna-se imprescindível
Equilíbrio e sanidade, realmente, parecem distantes deste mundo. Mais de duzentas mil pessoas morreram na Síria. Assassinos entram em escolas,faculdades e templos religiosos e matam inocentes. De acordo com a FAO, em 2012, mais de oitocentos e setenta milhões de pessoas não conseguiram o mínimo para se nutrir enquanto que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados no mundo. Milhões de estímulos bombardeiam uma sociedade cada vez mais consumista e individualista enquanto que o dano provocado pelo homem no meio ambiente parece jogar o planeta em uma estrada sem volta.
Nunca na história da humanidade as pessoas tiveram tanto acesso à informação, mas como saber o que é realmente importante? Como evitar que a enxurrada informacional não torne a visão turva para o que acontece ao nosso redor? Ou, como coloca Steinsaltz, “quem tem o direito de determinar o que é acessível?” Com a dependência cada vez maior em algoritmos de sites de busca ou em sistemas de relevância, pensar sobre o que é silenciado e o que é reproduzido torna-se imprescindível.